SINDUECE

Lutar não é crime: nota em apoio ao Movimento Estudantil da UECE

A SINDUECE vem a público repudiar a forma com a Reitoria da Universidade Estadual do Ceará (UECE) vem tratando movimentos sociais diante de divergências políticas. A abertura de processo administrativo contra um jovem integrante do movimento estudantil e a nota escrita após manifestação ocorrida no Restaurante Universitário, no último dia 29, são as atitudes mais recentes de uma gestão que lamentavelmente vem se mostrando indisposta a respeitar processos democráticos tão duramente conquistados pelos movimentos estudantil e sindical dentro da UECE.

É importante ressaltar que o fato desta semana não está desconectado de posturas anteriores da Administração Superior pautadas na falta de diálogo e na autocracia. Desde o início do ano, o movimento sindical docente tem encontrado dificuldades na relação com a Reitoria, que escondeu da comunidade acadêmica que o tão esperado concurso público para docentes efetivos/as seria sem Dedicação Exclusiva e sem respeito à lei de cotas; que se negou a participar da audiência pública sobre as universidades estaduais realizada pela Assembleia Legislativa em junho, mas que articulou, no mesmo parlamento, o remanejamento de cargos do grupo ocupacional Magistério Superior na UECE, no fim de abril, prejudicando o desenvolvimento da carreira docente.

Também não é de hoje que a representação estudantil cobra da Administração Superior atenção à política de assistência. No final de agosto, com a divulgação da informação de que quase 100 docentes substitutos/as e temporários/as teriam contratos rescindidos, alunos e alunas promoveram protestos dentro e fora do Campus do Itaperi contra a medida que impactaria na continuidade de cerca de 400 disciplinas. Com o agravamento da situação precária de atendimento do Restaurante Universitário (RU), cenário que já havia sido relatado à Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, no último dia 29 o movimento estudantil decidiu concluir no RU do Itaperi um ato que havia sido iniciado em defesa da renovação dos contratos. É preocupante que o comunicado oficial da Reitoria, lançado horas depois, divulgue inverdades sobre a manifestação e adote tom punitivista contra estudantes que pleiteiam o direito à alimentação. Tudo isso em uma universidade estadual reconhecida nacionalmente pelo caráter popular e pelas ações para redução da desigualdade.

Não iremos permitir que lutadores/as que participam de manifestações justas pela melhoria da universidade sejam individualizados e perseguidos pela Administração Superior. Seguiremos firmes no reconhecimento de que os avanços na UECE são frutos da mobilização social: a luta pelo acesso à assistência estudantil, por concurso público com dedicação exclusiva e pelo cumprimento da lei de cotas, pela renovação excepcional de contratos de substitutos e temporários, por expansão com qualidade é a luta por uma educação pública, gratuita, laica e socialmente referenciada. No dia em que a Universidade Estadual do Ceará não contar movimentos sociais pulsantes em sua defesa, ela própria estará fadada a fechar as portas, visto que todas as melhorias alcançadas desde o primeiro dia de funcionamento foram conquistas a duras penas e nunca concedidas por gestores/as.

Por isso, convocamos todos/as professores/as a se unir em defesa do movimento estudantil da UECE e dizer em alto e bom som que LUTAR NÃO É CRIME!

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