Eis que a Universidade Estadual se depara com um cenário que precisa ressignificar a riqueza da luta e da discussão na defesa de seus pilares democráticos. Entendemos que o subjetivo é relativo e o real impreciso, somado à pandemia num contexto sem precedentes, qualquer projeção tem caráter incerto e é imprevisível. Cotidianamente, convivendo com a barbárie que ceifa vidas, somos impelidos a buscar constituir novos caminhos, repactuar acertos, encontrar saídas para situações dilemáticas e o urgente, às vezes, passa a ser o ordinário. Nesse contexto, fomos surpreendidos com a premência de se discutirem eleições online para gestão da universidade.
É evidente que não podemos perder de vista o essencial: as garantias democráticas na administração universitária. Reconhecemos a urgência e compreendemos a complexidade, afinal entra em questão a composição de importantes instâncias representativas e colegiadas da UECE. Entretanto, debater sobre eleições online para os cargos de Direção de Centro/Faculdade, membros dos Órgão Colegiados (CEPE/CONSU/CD) e, possivelmente, para a Reitoria requer tempos e espaços que garantam uma decisão que supere a pressão do imediato.
Não abrimos mão de debate horizontal junto à comunidade ueceana. Consideramos que dispensar o aprofundamento das discussões não é prudente e decidir por qualquer caminho sem conhecer propostas, processos e experiências que apontem possibilidades e encaminhamentos para o estabelecimento de eleições online, é solução frágil e democraticamente preocupante. Temos receio do desconhecido e nos questionamos: como garantir a individualidade e o anonimato do voto? Como atestar a segurança e a transparência da eleição de representantes e gestoras(es) para cargos administrativos e órgãos colegiados da UECE? Precisamos conhecer as metodologias do processo de eleição on-line e optar pela garantia da defesa do papel social de nossa universidade. A inclusão digital, a confiabilidade e a fidedignidade precisam vir juntas nesse processo.
Não de agora, já avaliávamos a complexidade das eleições na UECE, dada sua configuração que diferencia votos dos três segmentos. Daí a necessidade de amplos debates, para colocar em cena os protagonistas envolvidos no processo. Agora, se agrava mais ainda a situação, com o momento que ora tensiona, ora inebria. Assim, diante do que está posto, o SINDUECE convoca toda a comunidade acadêmica para envolver-se nessa decisão, e propõe ao CONSU o encaminhamento de ampla, profunda e politizada discussão, com todas e todos que compõem a UECE, sobre o processo eleitoral como um todo.
Em meio ao calor de processos eleitorais, devemos tratar as dinâmicas de tomada de posição sobre os formatos democráticos da Universidade com vistas a construirmos um legado responsável para instituição – e não para disputar sentidos e acumular nas questões pragmáticas da disputa entre as chapas. Compreendemos que alguns campos da comunidade defendem eleições online e, qualquer decisão sobre o tema, carece de acúmulos anteriores que consigam convergir estudantes, servidores docentes e administrativos.
Desde o início desse isolamento social, o SINDUECE tem apontado que as melhores escolhas serão aquelas que surgem da coletividade, essa tem sido nossa reivindicação, essa é a nossa prática.