SINDUECE

Nota de Repúdio: Injusto é faltar com a verdade!

Ontem (4), em entrevista a um jornal de grande circulação, ao evocar justiça, o Governador Elmano de Freitas fere de morte o princípio da verdade e acaba por cometer uma grande injustiça contra professoras e professores das universidades estaduais do Ceará, que lutam, há cerca de 60 dias, por recomposição salarial, condições de trabalho, orçamento universitário e infraestrutura. Contraria seu compromisso com a seriedade dos fatos, ao criar uma filigrana, voltando-se contra suas bases, contra quem o ajudou a se eleger. Não será confundindo a sociedade que alcançará uma boa gestão, a justiça é a verdade.

Dizer ser injusto o legítimo direito à greve de professoras e professores, ao afirmar que estes não querem dar aula para as filhas e os filhos da classe trabalhadora, é tão absurdo quanto não reconhecer que há problemas de infraestrutura nas universidades, que há carência de docentes nos cursos de graduação e que há questões da assistência estudantil que necessitam de soluções urgentes. Tal postura é um atestado de que não conhece os problemas reais que são constitutivos da nossa realidade ordinária.

É injusto querer diminuir a necessária valorização que a categoria docente, há tanto tempo, reclama. Poderíamos mostrar as verdadeiras injustiças nesse Estado e que não lhe parece causar espanto, Governador, com pagamento de premiações para realizar seus ofícios a quem já recebe suntuosos vencimentos, com renúncias fiscais bilionárias ao empresariado que busca se instalar no Ceará ou com a leniência em não cobrar dívidas milionárias, que estão na dívida ativa do Estado.. A injustiça é arrochar salários de quem se coloca a serviço da população, cumprindo papel social da educação, formando e contribuindo para suplantar as desigualdades.

Tentar encobrir, com uma cortina de fumaça, as desigualdades sociais não deveria ser o discurso de um governador eleito por uma frente popular, para enfrentar um cenário tenebroso que, há muito tempo, ronda nosso Estado e que, a muito custo, derrotamos nas eleições federais. Não estamos em lados opostos nas trincheiras, pelo menos não deveria nos colocar nesse lugar, ao clamar por justiça com afirmativas draconianas e falaciosas. As universidades e toda sua comunidade têm servido a classe trabalhadora e nos colocar em confronto é lançar dúvida onde só há espaço para diálogo, para verdade. Não alimente um ódio entre nós.

As contradições de gerir o capital e o neoliberalismo não são nossas. Estamos há 60 dias clamando por diálogo, em busca de direitos, de conquistas e de avanços. Hoje estamos com aulas suspensas para garantir as melhores condições no futuro e abri-las para os filhos e as filhas da classe trabalhadora assentarem em nossos bancos com direito pleno à permanência, sem carência de docentes e com valorização profissional de quem forma outros profissionais nesse Estado, quem forma trabalhadoras e trabalhadores em todos os campos do conhecimento . Nosso labor é o de humanizar, deixe-nos fazê-lo com seriedade, com dignidade, abra-se ao diálogo.

Reconheça o nosso valor, respeite a todas e a todos. Negociar é o que resta de justiça e de verdade nesse cenário. Estamos aqui, aguardando o chamado.

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