Docentes da Universidade Estadual do Ceará (UECE) reunidos em assembleia extraordinária da categoria aprovaram por unanimidade o adiamento de paralisação para o dia 29 de maio a fim de pressionar o governo do estado a anunciar um calendário de reposição salarial. Antes a suspensão das atividades estava prevista para o dia 17. A reunião convocada pela SINDUECE aconteceu na manhã desta segunda-feira (15) e deliberou os novos passos da campanha salarial após aprovação do reajuste de 5,8%, publicado como a lei no 18.356/2023 no último dia 10.
Além do ato na Secretaria do Planejamento e Gestão (Seplag) no fim do mês, durante realização da Mesa Estadual de Negociação Permanente (MENP), a base decidiu de forma unânime pela manutenção do Estado de Greve com promoção de plenárias online e presenciais nos centros e faculdades e de campanha midiática para expor os problemas enfrentados na universidade. Por maioria, docentes também puseram fim ao indicativo de greve aprovado na última assembleia, no dia 5 de maio.
Para o presidente da SINDUECE, Nilson Cardoso a manutenção do Estado de Greve é essencial para manter a mobilização e pressionar o governo do estado a apresentar plano e cronograma de compensação das perdas salariais. Segundo estudo da Fundação SINTAF, até dezembro de 2022 a defasagem chegava a 37,03%. “É fundamental continuar o estado de mobilização com plenárias online e sobretudo presenciais em todos os campi da UECE. Isso sem sombra de dúvidas foi o diferencial para construirmos o engajamento no ato do dia 12 [de abril], no Palácio da Abolição, que trouxe para Fortaleza gente de todos os campi”, avaliou.
A Diretoria recuperou os acontecimentos no processo de negociação que culminou na concordância do Fórum Unificado das Associações e Sindicatos dos Servidores Públicos do Ceará (Fuaspec) com a proposta do governo. Pelo texto publicado no Diário Oficial no último dia 10, servidores receber um reajuste de 5,8% pagos em duas parcelas, sendo a primeira de 3% em junho (com retroativos pagos em dezembro) e 2,8% em agosto. Além disso, será aplicado o mesmo índice para majoração do auxílio-alimentação, mantida a data-base em 1º de janeiro e reconhecidas as perdas inflacionárias. Na reunião da bancada de servidores com a liderança do governo no Parlamento, no último dia 8, a SINDUECE, junto à SINDIUVA e à SINDURCA, se absteve de aderir à proposta por ter deliberado em assembleia um patamar mínimo de negociação de 10%.
Para Zuleide Queiroz, segunda vice-presidenta do ANDES-SN e integrante da base da SINDURCA, a mobilização das três seções sindicais das universidades estaduais do Ceará foi fundamental para que o governo passasse a dialogar com os servidores por meio de seus representantes no Legislativo. “Independentemente do Fuaspec, nossas universidades estão com problemas seríssimos. Qualquer que seja o calendário de mobilização, precisamos pensar nos estudantes sem aula, nos professores substitutos e temporários com salário precarizado e nas condições de trabalho dos servidores técnico-administrativos”, pautou.
No próximo dia 29, com a realização de nova rodada da Mesa Estadual de Negociação Permanente, docentes pretendem paralisar as atividades acadêmicas e promover ato na Seplag. Nas palavras de Eudes Baima, é momento de centrar esforços na luta pela recomposição dos salários. “Nós precisamos ter um centro e o centro neste momento deveria ser o escalonamento do que o governo nos deve. Quando nos pagará? Qual a proposta de escalonamento?”, enfatizou.