A Sinduece vem publicamente manifestar sua irrestrita solidariedade aos trabalhadores e trabalhadoras da saúde do estado do Ceará, em especial às(aos) Agentes Comunitários de Saúde (ACS) que, nesta quarta-feira (13), foram vítimas de violência policial ao reivindicarem pacificamente seus direitos básicos.
O que vimos diante do Palácio da Abolição foi, novamente, a expressão mais clara do desmonte do canais de diálogo e da criminalização dos movimentos populares por um governo que elegeu-se através do nosso apoio.
Com consternação e revolta, lamentamos testemunhar no nosso estado uso de truculência, com uso de spray de pimenta e agressões físicas contra servidores públicos que exercem seu direito constitucional de protesto e reivindicam pacificamente o cumprimento de acordos já estabelecidos. O vale-alimentação atrasado, motivo da justa mobilização, vai além de um benefício – é a materialização do direito à existência digna desses profissionais que estão na base do SUS. A resposta do governo Elmano de Freitas a essa demanda foi repressão policial, o mesmo método utilizado contra a greve do Sindetran.
Não podemos deixar de destacar a profunda contradição histórica que marca este governo. Elmano de Freitas, que se apresentou como advogado popular e defensor das causas sociais, hoje governa com as mesmas práticas que um dia já denunciou. Enquanto paralisa as mesas de negociação com os servidores, responde com força armada quando chamado ao diálogo. Enquanto reprime movimentos legítimos da categoria, impõe medidas retrógradas como a inclusão de bíblias nas escolas públicas, ferindo o princípio constitucional da laicidade do Estado e aprova chuva de veneno em nossas terras. Enquanto nega direitos básicos aos trabalhadores, aplica multas paralisantes e severas contra dirigentes sindicais.
O ataque sofrido pelo companheiro José Quintino, presidente do Sindsaúde/CE, demonstra mais um caso de intimidação aos movimentos sociais e, em especial, aqueles e aquelas que se colocam na liderança sindical. Quando um sindicalista é agredido e quase preso por liderar uma manifestação pacífica, o que está em jogo não é apenas um episódio de violência policial, mas um ataque frontal ao direito de organização da classe trabalhadora.
Esta nota não é apenas um repúdio à violência de hoje, mas um chamado de alerta ao rumo que este governo está tomando. A Sinduece convoca todos os setores democráticos e progressistas do estado a se unirem contra essa escalada autoritária. Não podemos aceitar que se construa no Ceará um governo que, em nome de um modelo de crescimento econômico, criminalize as lutas populares e imponha um estado de exceção aos movimentos sindicais.
Reafirmamos nosso compromisso histórico com a luta dos trabalhadores e trabalhadoras e nosso apoio incondicional ao Sindsaúde/CE neste momento difícil. Aos Agentes Comunitários de Saúde, nossa mensagem é clara: estamos juntos e juntas companheiros(as)! Sua luta é nossa luta, e seguiremos juntos na defesa intransigente dos direitos da classe trabalhadora e dos princípios democráticos.
A história julgará com rigor aqueles que, tendo vindo das fileiras da esquerda e do movimento popular, hoje aplicam contra os trabalhadores os mesmos métodos que sempre combatemos.