SINDUECE

Após três dias de debate, 65º Conad chega ao fim fortalecendo a categoria docente para as lutas

Após três dias de intensos debates e importantes deliberações, chegou ao fim o 65º Conad do ANDES-SN, neste domingo (17). O encontro deliberativo do Sindicato Nacional aconteceu entre os dias 15 e 17 de julho, na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), em Vitória da Conquista (BA), sediado pela Associação Docente da Uesb – Adusb SSind. A SINDUECE participou do espaço representada pela sua presidenta, Virgínia Assunção, como delegada e pela sua vice-presidenta, Raquel Dias, como observadora.

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Moções

Doze moções foram apresentadas durante o encerramento e aprovadas pelas delegadas e os delegados do 65º Conad, que expressaram pesar e repúdio pelo assassinato de Bruno Pereira Araújo e Dom Philips, pelo brutal assassinato de companheiro Marcelo Arruda e solidariedade a seus familiares, amigos e amigas; solidariedade à professora Elizabeth Sara Lewis, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio); apoio à campanha Paz nas Eleições, uma iniciativa da sociedade civil organizada para enfrentar a escalada de violência política evidenciada nas últimas semanas e as tentativas de setores autoritários tentarem deslegitimar o processo eleitoral deste ano.

Também manifestaram apoio à carta aberta assinada pelas docentes negras e pelos docentes negros da Universidade de São Paulo, com reivindicações de implementação por parte da Reitoria de ações afirmativas para ingresso de negras e negros na USP e sua progressão na carreira docente; à luta e à resistência dos povos originários Guarani e Kaiowá, no território Guapo’y Mirim-Tujury, no estado do Mato Grosso do Sul e ao povo do Equador.

Repudiaram, ainda, a cassação do mandato do vereador de Curitiba (PR), Renato Freitas, do PT. Também prestaram solidariedade ao vereador, que está lutando para manter o seu mandato e conter o processo de cassação movido por cinco vereadores. Também manifestaram repúdio ao governador do estado do Amazonas, Wilson Lima (União), que se recusa a receber docentes da universidade do estado (UEA) para negociação, e ao deputado estadual Rodrigo Amorim, do PTB do Rio de Janeiro, que, junto com apoiares, promoveu ataque a militantes e parlamentares que participavam de caminhada em apoio ao pré-candidato Marcelo Freixo (PSB/RJ) e cobraram apuração dos fatos.

Homenagem

A organização do 65º Conad foi muito elogiada pelos e pelas participantes, com momento de aplausos e agradecimento a todas e todos envolvidos no processo: diretoras e diretores da Seção Sindical e também as trabalhadores e trabalhadores da Adusb SSind, do ANDES-SN, dos monitores e das monitoras, além das trabalhadoras e dos trabalhadores da Uesb, que colaboraram para a realização do conad.

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Carta de Vitória da Conquista

Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN, realizou a leitura da Carta de Vitória da Conquista, documento político que resume os debates do 65º Conad do ANDES-SN. “Foram três dias de intensos debates em plenárias e grupos mistos, como preza nosso histórico método de deliberar as ações do sindicato pela base. Atualizamos a análise de conjuntura e o Plano Geral de Lutas reafirmando o compromisso do ANDES-SN em defesa da Educação Pública, Gratuita, Laica e Socialmente referenciada. Na análise de conjuntura, em âmbito nacional, destacou-se a violência política, os ataques à Educação e aos direitos sociais e trabalhistas. Reafirmamos a necessidade de construção da unidade na luta para enfrentar o bolsonarismo nas ruas e nas urnas. No Plano Geral de Lutas apontamos os imensos desafios em organizar a reação contra a privatização da Educação, os cortes orçamentários, o reuni digital, o retorno presencial sem as condições sanitárias e de ensino e aprendizado adequadas, e a defesa da liberdade de cátedra”, pontuou o documento.

A Carta destacou ainda que a categoria docente tem “o desafio de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo, que representam o retrocesso político e civilizatório que o país atravessa. Com unidade e firmeza em nossos princípios, venceremos essa etapa e continuaremos a realizar o projeto histórico de educação emancipadora que há 41 anos nosso sindicato tem construído. Nem um passo atrás, nossa luta é por uma sociedade anticapitalista, antimachista, antiLGBTQIAP+ fóbica e anticapacitista”, afirmou.

Encerramento

Em sua fala de encerramento, Rivânia Moura, presidenta do ANDES-SN, agradeceu novamente à organização e todas e todos envolvidos e saudou, ainda, as e os docentes que dedicaram energia e tempo para participar dos debates 65º Conad. Ela destacou que, apesar das divergências, são todas e todos companheiras e companheiros que constroem coletivamente o Sindicato Nacional.

“Saímos daqui fortalecidas e fortalecidos para os enfrentamentos, para fazer a luta necessária. Saímos reafirmando o sindicato, os seus princípios e a concepção de classes, de uma classe que tem raça, gênero e orientação sexual e que certamente passa por processos de exploração diferenciados dentro da sociabilidade do capital. Como foi apontado na nossa carta, saímos daqui com a atualização do nosso plano de lutas e a conclusão do debate que iniciamos no 40º Congresso. Tínhamos um enorme desafio e nós fizemos esse esforço coletivo. Vamos sair daqui também certamente fortalecendo o nosso grito de “fora Bolsonaro” nas urnas e nas ruas. Porque sabemos que é fundamental enfrentar o bolsonarismo que está instaurado na nossa sociedade”, afirmou Rivânia.

E, antes de declarar encerrado o 65º Conad do ANDES-SN por volta das 19h20, a presidenta do Sindicato Nacional fez a leitura do poema de Thiago de Mello “Para os que virão”, que está na Revista Universidade e Sociedade – lançada durante o evento. Rivânia lembrou a importância da arte e suas diversas expressões na disputa de ideias e construção de outra sociabilidade.

“Como sei pouco, e sou pouco,

faço o pouco que me cabe

me dando inteiro.

Sabendo que não vou ver

o homem que quero ser.

Já sofri o suficiente

para não enganar a ninguém:

principalmente aos que sofrem

na própria vida, a garra

da opressão, e nem sabem.

Não tenho o sol escondido

no meu bolso de palavras.

Sou simplesmente um homem

para quem já a primeira

e desolada pessoa

do singular – foi deixando,

devagar, sofridamente

de ser, para transformar-se

— muito mais sofridamente —

na primeira e profunda pessoa

do plural.

Não importa que doa: é tempo

de avançar de mão dada

com quem vai no mesmo rumo,

mesmo que longe ainda esteja

de aprender a conjugar

o verbo amar.

É tempo sobretudo

de deixar de ser apenas

a solitária vanguarda

de nós mesmos.

Se trata de ir ao encontro.

(Dura no peito, arde a límpida

verdade dos nossos erros)

Se trata de abrir o rumo.

Os que virão, serão povo,

e saber serão, lutando.” – Thiago de Mello

 Texto da ascom do ANDES-SN com acréscimo nosso.

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