Estudantes dos cursos de Filosofia e Letras da Universidade Estadual do Ceará (Uece) denunciaram no último final de semana as condições precárias do Campus Fátima, em Fortaleza. Em postagem feita nas redes sociais, o Centro Acadêmico do Curso de Filosofia (Cafil) exibe cenas de insegurança que tem marcado o início do semestre letivo no prédio que abriga parte das atividades do Centro de Humanidades (CH).
Goteiras, alagamentos e desmoronamentos tem feito parte da rotina de quem estuda ou trabalha no local. “Além disso, há problemas de segurança, com fios elétricos expostos, tomadas sem proteção e instalações elétricas antigas e mal-conservadas. Os estudantes temem que, a qualquer momento, ocorra um acidente grave que possa colocar em risco a vida e a integridade física de todes que frequentam o campus”, enfatiza a nota do Cafil. Sem acesso à biblioteca, sala de leitura, quadra esportiva e com risco de desmoronamento de estruturas, os alunos escancararam também na imprensa a situação que, segundo eles, tem se aprofundado desde o retorno presencial, em março de 2022.
As condições ficaram tão insustentáveis que os estudantes realizaram manifestação durante a conferência de abertura da Semana de Integração da Uece, na última segunda-feira (27), no Itaperi. Ao som das palavras de ordem “Reforma o CH”, coletivos que conformam o movimento estudantil cobraram ações do reitor Hidelbrando Soares e da secretária de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Sandra Monteiro, presentes na mesa do evento. “O Centro de Humanidades está caindo em cima da gente. A reitoria, o governo do estado, estão colocando os estudantes em risco”, denunciou Antonio Flor, do curso de Filosofia.
Para o presidente da SINDUECE, Nilson Cardoso, “a novidade não pode significar prejuízo ao que já existe”. De acordo com ele, a política de expansão do Ensino Superior para interior do Estado é bem-vinda, mas não pode representar perda de investimento para as estruturas já existentes na Universidade. Os novos campi da Faculdade de Educação e Ciências Integradas do Litoral Leste (Fecil), em Aracati, da Faculdade de Educação e Ciências Integradas do Sertão de Canindé (Fecisc), e da Faculdade de Ciências da Saúde do Sertão Central (Facisc), em Quixeramobim, devem começar a funcionar até o fim do ano. Segundo dados do portal da Uece, os valores das licitações para a construção dos novos campi em Quixeramobim e Canindé somam mais de 45 milhões de reais. Já na última reforma do Campus de Fátima, em 2017, foram investidos pouco mais de 1,7 milhão em restauro do prédio e na aquisição de móveis e equipamentos, pinturas e mudança de pisos.
Em resposta aos questionamentos dos estudantes, o reitor Hidelbrando Soares afirmou, ainda durante a abertura da Semana de Integração, que a manutenção dos prédios da Uece tem sido tema de tratativas com o governo do estado desde o ano passado. “Foram negociados algo em torno de 10 milhões de reais. Não dá conta de tudo que a gente precisa, mas nós priorizamos. E dentro dessa priorização está o Centro de Humanidades”. Segundo ele, um contrato no valor de 1,2 milhão de reais foi assinado pelo Executivo estadual para reparos emergenciais, mas a autorização para início das obras depende de autorização da ordem de serviço pelo governador Elmano de Freitas. A previsão é que a partir de março iniciem os restauros tanto do Campus Fátima quanto do Itaperi. Neste devem ser priorizadas as reformas do Auditório Central e da Biblioteca Central.
Saiba mais
O Campus Fátima abriga os cursos de Graduação de Letras e Filosofia (que em 2017 somavam 2.441 universitários matriculados), dois Mestrados Acadêmicos, o de Linguística Aplicada e o de Filosofia, um Doutorado em Linguística Aplicada, um Mestrado Profissional em Letras, duas Especializações, uma em Língua Portuguesa e outra em Semiótica, e o Núcleo de Línguas Estrangeiras (que em 2017 contava com 1.322 alunos matriculados nos oito cursos de Línguas, incluindo o de Libras).
Imagens retiradas de vídeo postado pelo Cafil nas redes sociais.