A mobilização dos estudantes da UECE que demandam realização de consurso para professores efetivos foi pauta, nesta quinta-feira (15), da edição impressa do Jornal O Povo. A notícia destaca a petição organizada pelos discentes, que já conta com mais de 2.300 assinaturas, endereçada ao governador Camilo Santana. A SINDUECE declara apoio à iniciativa: enquanto o Governo do Estado anuncia certames para área da Saúde, da Sefaz e da Polícia, as instituições de Ensino Superior estaduais do Ceará seguem improvisando para dar conta de oferecer ensino, pesquisa e extensão com um déficit de mais de 600 profissionais. Queremos concurso já, Camilo Santana!
Confira abaixo o texto da matéria publicada em O Povo:
Estudantes da Uece demandam contratação de novos professores
A petição argumenta que, apesar do orçamento estadual dedicado ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, a Uece não pode sofrer “sucateamento”. Em nota, a Uece declarou estar em discussão com o Governo do Estado quanto à realização de concurso público ainda neste ano
Estudantes da Universidade Estadual do Ceará (Uece) realizam petição para chamar atenção do governador Camilo Santana (PT) quanto à carência de professores e à importância de novas contratações. Criada há duas semanas, a petição acumula mais de 2,3 mil assinaturas. Segundo a descrição da página, a ausência de contratações acontece desde 2015, quando teria ocorrido o mais recente processo seletivo de docentes para a instituição.
A petição argumenta que, apesar do orçamento estadual dedicado ao enfrentamento da pandemia de Covid-19, a Uece não pode sofrer “sucateamento”. Outros pontos de reflexão são a criação de dois novos cursos na Universidade Regional do Cariri (Urca) e a abertura de concursos para algumas forças armadas, para profissionais de saúde e para a Secretaria da Fazenda (Sefaz). “É possível a realização. Sendo assim, é urgente concurso para professores na Uece”, lê-se no abaixo-assinado.
O movimento estudantil em busca de contratações integra cerca de 80 representantes de todos os cursos da universidade, segundo Pedro Medeiros, estudante de Medicina na Uece. Ele explica que essa demanda existe há muitos anos e, devido a ela, “alunos se formam sem ter passado por algumas cadeiras”. Alguns dos docentes atuais, sob contratos temporários, atuam em disciplinas similares, mas de diferentes cursos. Outros, se sobrecarregam com o volume de demanda, ainda conforme Pedro.
“Eles não deixam de dar aula ou se comprometem com o nosso aprendizado. Porém, após o vencimento dos contratos, os alunos estarão prejudicados. É perceptível que vários desses professores estão sobrecarregados”, diz o aluno. Ele exemplifica a situação com o caso de uma professora que precisou assumir uma disciplina adicional e apresentava cansaço. “Foi necessário, inclusive, cancelar duas vezes a aula, pois ela não tinha condições de ministrar”.
Em nota, a Uece declarou estar em discussão com o Governo do Estado quanto à realização de concurso público ainda neste ano. O objetivo, segundo a instituição, é repor 214 vagas de aposentadorias, exonerações e falecimentos de docentes. “A Uece acredita que o Governo irá autorizar a realização desse certame ainda este ano. Além disso, existem as tratativas para autorização de um segundo concurso público de docente para 2022”, afirmou.
Conforme a instituição, as carências em seus cursos de graduação são “históricas”. “Em alguns cursos, ainda não foi possível constituir a formação mínima de quantidade de docentes para a formação do colegiado”, explicou. Hoje, 397 professores temporários atuam de modo a “reduzir os danos da ausência de professores efetivos”. Ainda conforme a nota, contratações devem atender também potenciais novos cursos sendo estudados pela gestão estadual, os quais devem estabelecer campi em Canindé e Quixeramobim.
Para Pedro, a criação de novos cursos não deve ser pensada sem que antes haja melhoria nos existentes. Ele destaca que, em 2019, o curso de Medicina passou a ter novos estudantes semestralmente, em vez de anualmente, o que fez aumentar a demanda por professores. Segundo o estudante, esse é um dos problemas de maior importância do que a criação de novas estruturas.
O POVO aguarda retorno de contato com a assessoria do governo estadual em busca de esclarecimentos sobre a situação relatada pelos estudantes da Uece.