SINDUECE

Movimento unificado denuncia cortes e defende educação pública e democracia em atos no Ceará nesta quinta-feira (25)

O movimento unificado “Educação em Defesa da Democracia” levou a sala de aula à praça na manhã desta quinta-feira (25/8). Para dialogar com a sociedade e denunciar os impactos dos ataques, pelo menos três cidades do Ceará registraram manifestações: Fortaleza, Juazeiro do Norte e Russas. A SINDUECE e a Regional Nordeste 1 do ANDES-SN participaram do ato na capital, realizado na Praça do Ferreira, no Centro. Na região do Cariri, a atividade ocorreu na Praça Padre Cícero. Já o Restaurante Universitário do campus da Universidade Federal do Ceará (UFC) em Russas foi o local escolhido pelos manifestantes na região jaguaribana.

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Os atos integraram a programação da “Semana da Educação pela Democracia: em defesa da universidade e da carreira docente”, organizada pela ADUFC-Sindicato e que se encerra nesta sexta-feira (26/8). Desde o último dia 22, docentes, técnico-administrativos e estudantes das três universidades federais do estado (UFC, UFCA e UNILAB) realizam atividades. A ideia é denunciar à sociedade cearense os impactos e a gravidade dos ataques à educação.

Em Fortaleza, o Centro foi palco para dialogar com a população, panfletar e divulgar em estandes as ações de Extensão das universidades, com professores/as e estudantes de projetos como o Clube de Química e o Laboratório de Metodologias de Ensino e Tratamento de Resíduos (Lametre), ambos na UFC. A caminhada seguiu pelas ruas do entorno e foi finalizada também na Praça do Ferreira, onde houve apresentações culturais como sarau e roda de samba. Também foi realizada uma ação de solidariedade com distribuição de lanches para a população em situação de rua.

No Cariri, a mesma proposta: levou-se a sala de aula à praça, num debate com a população e um ato político-cultural e aula pública sobre os cortes na educação. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juazeiro do Norte (Sisemjun) também se somou ao ato, partindo da Praça da Prefeitura em direção à Padre Cícero.

Superior, básica e infantil: educação em risco

Durante a manifestação, o presidente da ADUFC-Sindicato, Prof. Bruno Rocha, relembrou à população os extremos ataques ao ensino superior, à educação básica e à educação infantil, durante os quase quatro anos do governo Bolsonaro. Ele citou exemplos de ataques os mais diversos: tentativa de destruição do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb); criação de bases curriculares nacionais e novo ensino médio. “Tudo isso na tentativa de um ensino menos crítico, que leva ao tecnicismo e que não forma cidadãos”, disse, pontuando também a luta pela autonomia da universidade e do ensino públicos.

No âmbito da universidade, foi destacada a luta pela autonomia da universidade e do ensino público e contra a tentativa de privatização com o Future-se e cobrança de mensalidades. “Não dá pra aceitar que a classe trabalhadora seja confrontada com o mercantilismo da educação, seja a educação básica ou no ensino superior”, enfatizou Bruno Rocha, acrescentando que “jamais” a comunidade acadêmica e a sociedade vão abrir mão da universidade pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada – “e que forma cidadãos; e não robôs”. O professor destacou, ainda, que a luta também é por uma assistência estudantil que garanta que o filho da classe trabalhadora permaneça na universidade, “e faça seu mestrado e seu doutorado com bolsas com valores justos”.

Representando o ANDES-Sindicato Nacional (Regional NE 1), a Profª. Sâmbara Paula reiterou as denúncias que vêm sendo feitas desde o início da gestão de Bolsonaro à frente da presidência do país, tendo escolhido a educação como sua principal inimiga. “Estamos aqui também porque, há mais de 40 anos, o Sindicato Nacional vem defendendo a educação pública, gratuita, de qualidade, referenciada na classe trabalhadora, inclusiva e anti capacitista. É essa a educação que a gente vem lutando pra afirmar nesse país e não podemos retroceder nem um milímetro”, reforçou a docente.

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Comunidade mobilizada na defesa da universidade pública

Além do ANDES-SN, diversas outras entidades sindicais – como Fetamce, SINDSIFCE, Sinduece e Suprema Maracanaú – sinalizaram apoio e participaram do ato. Bem como o Sintufce, que aprovou em assembleias gerais a participação nos atos em Fortaleza e interior; e movimentos estudantis e centros acadêmicos, a exemplo de DATA, CAFTA, CASEC, EcoEco, Caza, CADE-UFC, CA XII de Maio e Correnteza – todos da UFC; e ADM. Pública/UFCA; além da Frente Povo Sem Medo e de movimentos como UJC, UESM, UEE e Fogo no Pavio.

“Essa é uma luta que deve ser conjunta e unificada em defesa da educação. O movimento estudantil entende a importância da nossa participação nesse ato também porque, mais do que nunca, é urgente que a gente defenda a nossa universidade pública. Não apenas os estudantes estão sendo afetados por esse desmonte nas instituições, mas também os professores, técnico-administrativos e os terceirizados”, afirmou a estudante Dandahra Cavalcante, que integra o Centro Acadêmico Frei Tito de Alencar (CAFTA), do curso de História da UFC, e o Movimento Correnteza.

O sucateamento das universidades promovido pelo governo Bolsonaro, legitimado e promovido também pelo atual interventor da UFC, Cândido Albuquerque, foi levantado em diversas falas, principalmente por estudantes e servidores. Erica Ramaiana, aluna do curso de Matemática da instituição e integrante do Movimento Brigadas Populares, foi uma delas. A estudante afirmou que o bloco em que estuda muitas vezes fica sem água e internet, bem como os da Física, Biologia e Letras.

“Todos sendo totalmente destruídos por um interventor que não está nem aí pra universidade”, disse a estudante, reforçando o que a própria ADUFC já vem denunciando em série de matérias especiais sobre o tema em seu site. “Ontem eu escutei o que cada um aqui já deve ter escutado: ‘Descansa, militante!’. Mas não tem como a gente descansar com tudo o que está acontecendo no nosso país. Precisamos seguir nos manifestando, todos os dias, pela garantia dos nossos direitos”, finalizou Erica Ramaiana.

Entidades ligadas à educação, professores/as, servidores/as técnico-administrativos/as e estudantes juntaram-se à luta da ADUFC-Sindicato para defender a democracia num contexto de muitos e incessantes ataques – também à própria educação. Sem recursos financeiros, pesquisadores não produzem ciência. Sem assistência estudantil, estudantes das camadas mais populares não conseguem se manter na universidade. O desmonte do ensino superior público traz consequências graves para todo o país.

Texto da ascom da ADUFC-Sindicato com acréscimo nosso. Foto: divulgação/SINDUECE e Nah Jereissati/ADUFC.

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