Faltou espaço para receber tantos estudantes que atenderam ao convite da SINDUECE para participar da plenária promovida, na manhã desta quarta-feira (7), com objetivo de discutir o trancamento do semestre 2021.2 da Universidade Estadual do Ceará. Mais de 100 pessoas estiveram presentes no encontro virtual, entre representantes e estudantes da Faculdade de Educação de Crateús (FAEC), Faculdade De Educação, Ciências e Letras de Iguatu (FECLI), Faculdade de Educação, Ciências e Letras do Sertão Central (FECLESC), do Centro de Humanidades, do Itaperi e dos coletivos Rua – Juventude Anticapitalista e União da Juventude Comunista (UJC).
A presidente da SINDUECE, professora Virgínia Assunção, agradeceu a resposta dos estudantes ao convite da Direção do sindicato e ressaltou que o objetivo da plenária era estabelecer interlocução com os discentes da UECE sobre a proposta da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) de cancelamento do semestre 2021.2. “A SINDUECE, como seção sindical, tem todo um compromisso com a dimensão da qualidade da aprendizagem, da relação de respeito à comunidade universitária em seus processos democráticos de escuta. Então, para nós, não fazia sentido decidir alguma questão com nossa assembleia ou com as plenárias de professores sem que os estudantes também tivessem esse momento de interlocução”, explicou Virgínia ao ressaltar a importância da organização estudantil, que está sem gestão no Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UECE.
Segundo a presidente da SINDUECE, é fundamental que as questões colocadas a partir da proposta de trancamento total do segundo semestre letivo de 2021 sejam pensadas ampla e coletivamente antes da definição que ocorrerá em reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE). Por isso, a plenária com os estudantes foi iniciada com a apresentação da proposta que a Prograd lançou aos colegiados das faculdades e centros acadêmicos ainda em março deste ano. De acordo com estudo produzido pela Pró-Reitoria de Graduação, a ideia de cancelamento do semestre 2021.2, que seria iniciado em fevereiro do próximo ano, considera o descompasso entre o calendário da UECE com o da Educação Básica, o que acarreta principalmente problemas de transportes para estudantes no interior do Estado e na Região Metropolitana de Fortaleza e para realização de estágios curriculares. Se a proposta for aprovada pelo CEPE, o vestibular que será realizado em setembro de 2021 irá inserir os aprovados diretamente no semestre 2022.1.
Mais do que posicionamentos contrários ao trancamento total do segundo semestre letivo de 2021, sobraram dúvidas durante a plenária. Enquanto alguns alunos perguntavam sobre as consequências da proposta para o percurso acadêmico e as seleções após a graduação, outros questionavam sobre o documento da Prograd e a representação discente nos colegiados da universidade. Para Davi Silva, estudante de Licenciatura em Geografia, a falta de sincronia entre o calendário da UECE e o do Ensino Básico dificulta a realização de estágios. Além disso, ela analisa que a realização de três semestres letivos durante um ano prejudica a formação. “Eu vejo professores se matando para poder dar o conteúdo em quatro meses, o que fica extremamente corrido. Se torna até complicado pra gente ter a nossa formação nesse pequeno tempo, o que seria o contrário se a gente tivesse [a disciplina] em seis meses, pois a gente conseguiria se organizar melhor, daria para fazer os trabalhos”, avaliou.
No mesmo sentido, Natalia Rodrigues, representante do Diretório Acadêmico da FAEC, criticou o descompasso de calendários há anos vivido na UECE. “Qualquer prejuízo que o cancelamento do semestre traga não vai ser maior do que o prejuízo que a gente já tem de ter essas três entradas por ano, de ter semestres mais curtos, de ter esse soterramento de atividades, provas pertinho uma das outras, correria”. De acordo com ela, muitos trabalham no contraturno das aulas e tem que ter “jogo de cintura” para conseguir conciliar as obrigações. “Tem gente aí que há séculos não tem férias ao mesmo tempo do trabalho, da escola e da universidade para tirar um descanso”, desabafou.
Em resposta a dúvidas dos estudantes, a professora Jaqueline Rabelo, 2ª Suplente da Direção da SINDUECE, explicou que os semestres curtos e o pequeno recesso entre eles são consequências do atropelo imposto pelo calendário acadêmico com três datas de ingresso por ano. De acordo com ela, isso está previsto para o calendário de 2022 e, por isso, a proposta de trancamento total de um semestre traz consequências tanto para quem vai entrar como para quem já está na universidade. “Quando você cancela um semestre, você cancela todos os eventos associados a ele”, afirmou. Para ela, é fundamental que os estudantes avaliem a proposta da Prograd e defendam a própria posição através dos representantes discentes no CEPE e no Conselho Universitário da UECE (CONSU). A reunião do CEPE que discutirá a proposta de trancamento total do semestre 2021.2 ainda não foi marcada, mas deve ocorrer nos próximos dias.