De forma unânime, a assembleia docente da SINDUECE realizada na última quarta (17) aprovou a prestação de contas da entidade referente ao ano de 2020. O espaço tinha como pauta única a avaliação de receitas e despesas da Seção Sindical do ANDES na Universidade Estadual do Ceará, mas acabou sendo estendido como ato de solidariedade à professora Zuleide Queiroz e em memória da egressa da UECE Nadinny Honorato, vítimas da violência racista e machista nesta semana.
No dia anterior, dois fatos entristeceram a comunidade acadêmica e geraram indignação: em Brasília, uma comitiva de servidores e servidoras públicas que participavam da mobilização contra a PEC 32 no Aeroporto da capital foram acertados por lixo em um crime de racismo cometido por um homem branco ainda não identificado. Entre as vítimas estava a segunda vice-presidente do ANDES-SN e docente aposentada da Universidade Regional do Cariri, Zuleide Queiroz. “O racismo estrutural é algo intolerável, insuportável. A gente está há 10 semanas presencialmente em Brasília lutando contra a PEC 32 e vem o racismo estrutural e atravessa a nossa humanidade. A professora Zuleide teve coragem para na mesma hora ‘rasgar’ esse ataque racista no microfone. Precisamos nos inspirar na força dessa mulher para nos contrapor às formas de opressão”, enfatizou a presidenta da SINDUECE, Virgínia Assunção.
No interior do Ceará, a egressa do curso de Química da Faculdade de Educação de Crateús (FAEC) Nadinny Honorato, de 25 anos, foi brutalmente assassinada pelo ex-namorado que não admitia o fim do relacionamento. “É revoltante um feminicídio em pleno século XXI, com todas as lutas que fazemos contra toda violência de gênero, defendendo que tenhamos educação sexual [para igualdade de gênero] nas escolas para a gente, que é mulher, não morrer”, considerou Virgínia. Durante toda a assembleia, mensagens de solidaridade foram dirigidas nas falas e nas mensagens via chat de participantes à diretora do ANDES-SN e também em indignação ao assassinato de Nadinny.
Já a apresentação da prestação de contas da SINDUECE ficou por conta da contadora da entidade, Dona Terezinha, que repassou receitas e despesas da seção sindical durante 2020. A principal origem dos recursos neste período foi a contribuição de filiados/as efetivos e aposentados, seguido pelo ANDES-SN e pela contribuição de docentes substitutos, somando R$ 269.819,05. Entre as despesas estão gastos com pessoal (R$ 57.738,71), despesas administrativas (R$ 85.380,41), materiais (R$ 3.240,75), eventos e mobilizações (R$ 40.629,01) e contribuições a entidades parceiras (R$ 62.075,36). O saldo do ano foi positivo com uma economia superior a 20 mil reais.
Na sequência, o parecer elaborado pelo Conselho Fiscal foi lido pelo professor Fernando Martins que, junto a Lena Espíndola e Francisglauber Bezerra, analisaram as contas da entidade. A posição favorável à aprovação do Conselho foi colocada em votação e ratificada de forma unânime. Para a secretária-geral da SINDUECE, Sandra Gadelha, esse momento foi muito importante para que filiados e filiadas tomem conhecimento de para onde estão indo as contribuições financeiras e também tirem dúvidas. Na avaliação da professora Zilvanir Queiroz, o valor despendido pela Seção Sindical é “minúsculo diante de tanta luta”. “Esse valor deveria ser muito maior diante de tantas lutas realizadas, principalmente nesse período tão difícil de fazer lutas e mobilizações”, considerou.
Informes foram compartilhados ainda pela Diretoria sobre a campanha salarial, a participação da SINDUECE e do ANDES-SN na jornada de lutas contra a PEC 32, o Encontro da Regional NE I, o pagamento da implementação dos processos docentes e a realização de concurso público para docentes efetivos e a prorrogação dos contratos de docentes substitutos e temporários. Com pauta mais ampla, a próxima assembleia docente da SINDUECE está prevista para o dia 8 de dezembro.